Inglês como ferramenta de empoderamento profissional

Debora Carvalho
4 min readFeb 14, 2021

Em 2021 eu completo 25 anos de ensino de língua inglesa oficialmente. Digo oficialmente, porque desde a adolescência já ensinava inglês pros meus colegas de escola.

Em todos esses anos de ensino tive oportunidades incríveis de fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Se você que está lendo acha que é conversa fiada quando dizem que falar inglês abre muitas portas, acredite em mim quando eu digo que você está enganado. Já ajudei pessoas a serem promovidas, a encontrarem o emprego dos sonhos, encontrar o amor além-mar e até mesmo, a recomeçar a vida em outro país com dignidade.

Porém, com a globalização e a pandemia, tem havido uma necessidade cada vez maior de falar inglês. No mercado de TI e design é muito comum usarmos termos em inglês todo o tempo, muitos deles, sem nem ao menos terem recebido uma tradução apropriada em português. Mas o maior problema que percebi é que muitos desenvolvedores e designers conhecem tais termos, mas não são capazes de fazer algo simples em inglês como por exemplo, justificar porque ele adotou uma abordagem ou optou por um determinado layout. Nesse momento, é comum a pessoa se sentir insegura. Toda a eloquência e segurança que a pessoa normalmente tem ao falar do próprio trabalho é perdida em meio a tantas dúvidas sobre qual verbo usar, qual estrutura da língua inglesa construir para explicar mesmo coisas tão corriqueiras.

Com a pandemia (pela expansão do número de empregos remotos) e a capacidade técnica que nós brasileiros temos, falar inglês pode desvendar oportunidades profissionais valiosas. Sim, você leu certo. Não deixe que a síndrome de vira-latas te convença que brasileiros são menos qualificados do que pessoas de outras nacionalidades. O mundo é muito grande e posso te garantir que estamos à frente de muitos países em relação à educação, desenvolvimento de sistemas, criatividade artística e técnica para design, entre muitos outros aspectos. O problema é que independente do que muitos gostariam, a língua inglesa é a língua dos negócios, é a língua de comunicação que une povos de todos os continentes e nisso, meus caros, nós brasileiros falhamos miseravelmente. Segundo pesquisas feitas ao longo dos últimos anos, estima-se que somente 1% da população seja fluente em inglês e somente 5% seja capaz de se comunicar com clareza nessa língua.

Confira a matéria sobre esse assunto, clicando aqui.

Tenho visto mulheres incríveis e poderosas profissionalmente mudarem de país para recomeçar a vida com a família e enquanto o marido trabalha no emprego dos sonhos, ela vira dona de casa e o faz por falta de opção, não por escolha; por não conseguir se comunicar de maneira mínima em inglês na profissão em que era bem sucedida no Brasil. Isso deixa toda uma carreira construída com sangue, suor, lágrimas e muito sacrifício pra trás, pois até ela se sentir apta a trabalhar na área novamente (culturalmente a maioria das mulheres não se arrisca nessa situação até se sentirem completamente preparadas para tal), o mercado mudou, o julgamento e cobrança por todos aqueles anos fora do mercado aumentou e muitas começam uma nova carreira do zero por falta de opção.

Esse mês criei um curso de inglês voltado para UX em que profissionais de todas as áreas que envolvem experiência do usuário (UX writers, designers de produtos, designers de interface, entre outros), estão aprendendo como responder com as próprias palavras quem eles são, quais suas visões sobre experiência do usuário, acessibilidade, usabilidade, entre outros assuntos pertinentes nessa área. Criei turmas de básico, intermediário e avançado e ficou muito claro que ainda temos um longo caminho a percorrer até termos um número aceitável de profissionais que estejam aptos a integrar equipes com membros de outros países, de multinacionais ou de empresas estrangeiras que queiram contratar designers brasileiros.

É preciso considerar o aprendizado da língua inglesa como uma ferramenta essencial de trabalho. E não me refiro à aquele inglês técnico que te permite entender comandos em inglês, mas aquele inglês que te permita expressar que tipo de pessoa você é, que tipo de profissional você é e o quanto a sua contribuição pode ser valiosa para determinada equipe, para determinada empresa. É preciso que seu inglês seja capaz de refletir todos os cursos que você fez, todos os conhecimentos que você adquiriu, todas as horas que você investiu na sua carreira. O mundo nunca esteve com braços tão abertos para nós brasileiros mostrarmos nosso valor como profissionais. Agora, só falta você correr pra esse abraço…falando inglês!

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Debora Carvalho

UX Researcher, teacher, music lover and knowledge junkie.