Como dar aulas de inglês para UX tem transformado meus alunos em profissionais melhores

Debora Carvalho
2 min readJul 20, 2021
Gauge measuring UX experience levels

Sou professora de inglês há 25 anos e UX researcher há 6. Como tenho visto muitos profissionais talentosos no mercado perdendo oportunidades de emprego por não conseguirem se expressar tão bem em inglês sobre o seu trabalho, resolvi criar grupos para discutirmos sobre UX em inglês, de forma que eles fiquem mais confortáveis para falar sobre o assunto.

Quando tive essa ideia imaginei que alguns alunos pudessem ter algum tipo de benefício a longo prazo, mais eis que nas turmas do primeiro semestre, aproximadamente 80% dos meus alunos conseguiram um emprego melhor. Antes que você se exalte, eu não estou dizendo que isso é mérito meu. Mas sei que tive alguma participação nisso e já vou te explicar o porquê.

Durante as aulas discutimos sobre temas diversos dentro do universo UX. O que tenho percebido é que muitos dos fundamentos que realmente nos leva a construir uma boa experiência do usuário foi esquecido pelos profissionais. Não me leve à mal, não estou questionando a competência deles e sim, ambientes profissionais em que eles são tolhidos de aplicar boas práticas de UX, de fazer pesquisa com usuários reais, de terem profissionais mais experientes para ajudar na sua jornada, em que são reprimidos por quererem fazer o bom, o certo e o adequado e em muitos casos, até mesmo, ambientes tóxicos. Muitos me relatam que quando querem discutir sobre inclusão, acessibilidade, pesquisa e muitos outros temas de extrema relevância para UX, eles ouvem o equivalente profissional à famigerada e traumática frase que povoou a infância da maioria de nós: “Na volta a gente compra”.

Nas nossas discussões eu sempre reafirmo que eles não podem se acomodar, que não deixem de fazer o que é certo ou de ignorar o que é importante porque seus gestores vivem em uma cultura em que profissionais de UX, não seguem as práticas corretas para se construir uma experiência de usuário verdadeiramente boa. Nas aulas, instigo a estudarem, a se esforçarem, a aprenderem mais, a entenderem como podem fazer melhor. O resultado? Eles acabam entendendo que não cabem mais onde estão. Eles entenderam que merecem mais e melhor. E o próximo passo natural é buscar uma nova colocação onde possam usar todas essas habilidades e conhecimento que se esforçaram tanto para adquirir e realmente viver a construção da melhor experiência do usuário como ela deve ser, aqui e agora.

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Debora Carvalho

UX Researcher, teacher, music lover and knowledge junkie.